AUTORA: Stephanie Garber
SINOPSE: Após ser traída por Jacks, o Príncipe de Copas, Evangeline Raposa jura nunca mais confiar nele. Depois de ter descoberto a própria magia, ela acredita que poderá usá-la para restaurar sua chance de um “felizes para sempre”.Mas, quando outra maldição terrível é revelada, Evangeline se vê obrigada a estar novamente ao lado do Príncipe de Copas. Só que, desta vez, novas regras serão impostas. Jacks não é a única pessoa com quem Evangeline precisa ter cuidado. Na verdade, apesar de sua vontade de desprezá-lo, talvez ele seja aquele em quem a jovem possa confiar de fato.
Agora, em vez de um feitiço de amor causando estragos na vida de Evangeline, um feitiço assassino foi lançado. E para quebrá-lo, ela e Jacks terão que lutar contra novos inimigos e uma mágica que brinca com mentes e corações. Evangeline sempre seguiu seu coração, mas será que ela pode confiar nele desta vez?
Existe um problema grave com essa série: o primeiro livro Era uma vez um coração partido deveria ter o título do segundo, A balada dos felizes para nunca, enquanto a continuação deveria ter o nome do seu antecessor: porque você vai acabar esse volume com seu coração partido.
Quebrado em pedaços, inclusive. Rezando pela continuação, provavelmente.
Mais uma vez, Garber consegue trazer um universo muito bem construído baseado em contos de fadas, utilizando o espaço Norte do seu mundo. Nesse lugar, teremos diferentes tipos de criaturas, com destaque arcanos e vampiros. Essas figuras permeiam o imaginário da população local e, de forma muito interessante, possuem uma psiquê complexa e bem desenvolvida.
No entanto, nem tudo são flores em relação ao desenvolvimento dos personagens. Garber trabalha Jacks muitíssimo bem, mantendo a personalidade anti-heroica do seu protagonista. Infelizmente, não senti o mesmo com sua mocinha. Evangeline é uma personagem muito inteligente que, ao meu ver, foi subestimada boa parte da narrativa para ter um terceiro volume. Toda a capacidade que mostrou no primeiro acabou se convertendo em uma massa de confusão e paixão efusiva.
Embora possa ter certa coerência, acredito que a autora poderia ter escapado facilmente desse clichê. Assim, A balada do felizes para nunca trouxe aspectos muito interessantes, porém pecou em me convencer de parte do seu enredo. Isso inclui o plot twist: a ideia foi muito boa, a execução um pouco incômoda. Também senti que algumas situações soaram um pouco forçadas e a falta de diálogo se tornou exagerada.
Com exceção desses dois aspectos, o livro foi fluido, interessante, cheio de reviravoltas e muita magia. Garber traz de novo o conceito das histórias orais, brinca com os contos de fadas originais e seus finais infelizes e traz metáforas muito bem executadas, como a relação que constrói entre amor, casa e guerra.
Assim, o livro brinca com as impressões que temos sobre amar, as expectativas que temos sobre estar com alguém para toda a vida. Além disso tudo, nos brinda com uma história – por mais que eu tenha críticas – encantadora em todos os sentidos. O que significa dizer que estou ansiosa pela continuação, já que Garber é especialista em fazer cliffhangers e fazer, literalmente, você se sentir na beira de um precipício.
A edição de A balada do felizes para nunca da editora Gutenberg segue o padrão da de Era uma vez um coração partido e da trilogia Caraval. A capa é simplesmente linda e a diagramação muito confortável, o material também é de excelente qualidade.
REFERÊNCIA
GARBER, Stephanie. A balada do felizes para nunca. Tradução de Lavínea Fávero. 1ª ed. São Paulo: Gutenberg, 2023.
Viciada em livros, fanática por animes e escandalosa assistindo filmes.