CRÍTICA #02: A FORÇA DO EMPODERAMENTO

 

SINOPSE: Depois que um atentado terrorista ceifa a vida do Presidente dos Estados Unidos e de grande parte dos outros políticos eleitos, uma facção religiosa toma o poder com o intuito declarado de restaurar a paz. O grupo transforma o país na República de Gilead, instaurando um regime totalitário baseado nas leis do antigo testamento, retirando os direitos das minorias e das mulheres em especial. Em meio a isso tudo, Offred é uma “handmaid”, ou seja, uma mulher cujo único fim é procriar para manter os níveis demográficos da população. Na sua terceira atribuição, ela é entregue ao Comandante, um oficial de alto escalão do regime, e a relação sai dos rumos planejados pelo sistema.

 

DIRETOR: Bruce Miller (2017)
GÊNERO: Drama e Ficção Científica.
DISTRIBUIDOR: Hulu | Estados Unidos

The Handmaid’s Tale é a adaptação do livro homônimo escrito por Margaret Atwood, em 1985. Criada por Bruce Miller, no serviço de stremig Hulu, a série estreou em abril de 2017 e foi aclamada pela crítica, sendo considerada por muitos a melhor série do ano. No dia de ontem, 17 de setembro, a série reuniu treze indicações ao Emmy, ganhando seis estatuetas na cerimônia. A série saiu como vencedora em todas as categorias para as quais foi nomeada, embora, em algumas categorias, The Handmaid’s Tale estivesse concorrendo a um Emmy com mais de uma indicação.

Dizem que a arte imita a vida; mas, às vezes, a própria vida transcende sua existência e se transforma em arte – como se a segunda fosse capaz de copiar a primeira. Podemos vislumbrar tal perspectiva com a literatura de Isaac Asimov (Fundação), Jules Verne (A Volta ao Mundo em 80 Dias) e muitos outros autores da ficção científica que trouxeram para nós a modernidade antes mesmo dela ocorrer. Margaret Atwood traz uma possibilidade – terrível e esmagadora – sobre um possível futuro, um futuro vil que destruiria toda a construção progressista de uma sociedade que busca a igualdade: independente de quem você é, de quem você ama ou de como você é.

Margaret Atwood, com seu livro, questiona para onde vamos e com quem vamos, principalmente. Nesse processo, não esquece de destacar a importância da mulher e também de toda uma construção por luta de direitos – direitos que estão sendo perdidos depois de conquistados em muitos lugares do mundo, como no Brasil e até nos próprios EUA, na presidência de Donald Trump. A série, tão premiada no Emmy, conseguiu manter fielmente esse aspecto do livro.

Inegavelmente, escritores buscam no decorrer de sua vida e dentro de seu cotidiano a inspiração necessária para criar as suas histórias, usufruindo do contexto que estão inseridos e transmitindo o seu ponto de vista, ou seja, aquilo que veem, em cada uma de suas palavras. Margaret Atwood declarou ter se inspirado em fatos que ela já vira acontecer pelo mundo; essa realidade e fidelidade ficam visíveis em sua obra e, como já dito, também na série, uma adaptação tão fiel que utiliza até mesmo falas exatamente iguais ao livro.

A história The Handmaid’s Tale trabalha uma distopia, para quem não sabe, significa – a partir da definição do Houaiss – “lugar ou estado imaginário em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação”, visto que dis – prefixo latino – significa separação, negação ou dissidência – e, por sua vez, topia significa lugar.

Nessa distopia, retratada em um futuro próximo, há tanta poluição, radiação e degradação das fontes naturais do planeta, que as taxas de natalidade começaram a baixar exponencialmente. Não havia crianças nascendo e as que, por algum motivo, conseguiam nascer, morriam horas após o parto. Esse cenário cria uma perspectiva de pânico e a ideia de uma sociedade composta por opostos do gráfico – uma sociedade de velhos e, talvez, crianças – ou o completo apagamento da humanidade. Com esse temor em suas mentes, um grupo religioso ascende ao poder, os Filhos de Jacó, no original sons of Jacob, e instauram um governo totalitarista teocrático, onde o que importa é a visão de uma supremacia que visa impor a religião e o que o Deus dessa religião, ao menos, na palavra de homens, deseja para a humanidade. Isso significa que a democracia é fuzilada – junto com o Congresso Nacional – e a nova constituição passa a ser a Bíblia. Um dos detalhes mais assustadores e revoltantes deste novo sistema é o tratamento dispensado às mulheres: elas agora são propriedade do governo e um instrumento para salvar o planeta.

As mulheres são raptadas e divididas de acordo com a sua “habilidade”. Se ela for infértil, mas sadia e apta para trabalho doméstico, ela se torna uma Marta, no caso, a pessoa responsável por cuidar da casa de seu comandante. Se ela for fértil, vira uma aia, cujo único propósito é ter filhos. Isso mesmo que você leu, o único propósito de uma mulher é ter filhos! Assim que identificada e treinada como aia, ela é designada para a casa de um comandante, um homem de poder dentro do governo que não foi “abençoado” com uma esposa fértil.

No entanto, como seriam capazes de manter essas mulheres – vindas de um governo com direitos – dentro dos limites de seu regime? Eles tiram tudo que lhes é precioso. Para mantê-las submissas, as aias não têm mais nome, seu antigo nome passa a ser proibido, o que as tornam despidas de qualquer identidade, individualidade e direitos, pois se você não é alguém, não importa o quanto deseje, não há como você ter direitos, visto que, como todo objeto, são descartáveis.

A aia nada mais é do que uma propriedade, a forma de chamá-las e identificá-las no decorrer do livro e da série demonstram bem esse aspecto. A protagonista, por exemplo, é intitulada como Offred, uma composição entre of, que no inglês significa “de”, e Fred, que é o nome do seu comandante. O próprio nome é uma etiqueta, agora, ela pertence ao seu comandante – não é mais alguém, ela é algo.

Muitas distopias utilizam hipérboles, ou seja, uma visão exagerada da sociedade para criar uma nova realidade. Nesse universo, não há exageros. Assistir The Handmaid’s Tale é como ter um espelho colocado em sua frente, que o força a olhar para si mesmo e, invariavelmente, ver-se em algum personagem. Como em um espelho, vemos um reflexo preciso e assustador da sociedade como um todo e como as mulheres estão inseridas nela.

Como já foi mencionado, as aias passam por treinamento. Logo, quando o governo teocrático toma o poder, as mulheres são – literalmente – raptadas e levadas ao “Centro Vermelho”, o lugar onde aprendem a como serem aias submissas. Nesse núcleo, conheceremos uma nova categoria de mulheres: as tias – mulheres responsáveis por treiná-las para se encaixarem nesse regime. Conheceremos, principalmente, a tia Lydia, interpretada pela atriz Ann Dowd (Marley & Eu), que conquistou um Emmy por Melhor atriz coadjuvante em série dramática.

A atriz de 61 anos interpreta uma personagem que representa não só a opressão de uma mulher sobre a outra, mas também reproduz perfeitamente a geração anterior, marcada por preconceitos, moldada sob ensinamentos rígidos e restritivos e, principalmente, que olha para o futuro com desprezo. A devoção de tia Lydia pelos valores tradicionais e religiosos é genuíno, e não é algo forçado como ocorre com as aias.

Como todo governo tirano, é preciso uma figura intermediária que force a dominação e que desempenhe um possível encaixe, logo, os filhos de Jacó utilizam a figura das tias e deixaram para elas – brilhantemente, embora seja nauseante – a responsabilidade da crença da fé e do próprio sistema. As tias são capazes de forças as ideias, porque elas genuinamente acreditam nelas – não importa a maneira que façam, o importante é introduzirem a ideia, seja a partir da violência física ou mental.

É dentro desse processo de violência, que umas das cenas mais marcantes da série ocorre. Ela se passa no núcleo do Centro Vermelho, as aias estão sentadas em um círculo, umas delas é levada ao centro, sob o olhar das outras aias, e precisa contar sobre um episódio que acontecera em sua vida antes do governo: o terrível dia em que foi estuprada. As aias são forçadas a responder de quem foi a culpa do estupro, quem levou aqueles homens a cometerem tal ato.

A resposta pode ser chocante para alguns; para outros, não será chocante como será verdadeira – o que assusta e muito. A resposta e o que elas precisam aprender é que a culpa foi da mulher, da vítima. A ligação com a sociedade atual é tão clara como água e revolta, quem for propenso a pensar, a qualquer um que assista e compreenda o contexto e como a situação é revoltante, visto que culpar a mulher é um hábito tão enraizado e irracional que se propaga de geração para geração, oprimindo a todas nós cada vez mais. O governo totalitarista e teocrático dessa distopia, assim como a sociedade em que vivemos, prendem-se à um direito imaginário de poder sobre o corpo das mulheres.

Na distopia de Margaret Atwood, não é tão imaginário assim, obviamente, pois é tão latente que chega a ser doloroso para qualquer indivíduo com bom senso. No entanto, não devemos negar que esse poder – dentro da narrativa e inclusive na própria sociedade – está embebido das crenças. A crença pode ser tanto um bem, quanto uma das armas mais poderosas contra qualquer indivíduo. Quem crê, geralmente, cega-se para qualquer informação exterior. A crença foi – e ainda é – uma arma intensa, forte e com grande poder destrutivo, como podemos notar toda vez que abrimos um livro de história.

Em The Handmaid’s Tale, a religião não é utilizada somente para manter as pessoas sob controle, porém – como em todo o decorrer do passar do tempo da história da humanidade – a religião e o nome de Deus são usados como justificativas para qualquer tipo de atrocidade cometida. Não importa de fato o que Deus quer; o que importa é o que os homens com o pseudo-poder da palavra querem.

Dentro da narrativa, o próprio ritual de copulação é uma prova de como a religião – ou melhor, a crença – pode afetar o senso das pessoas a níveis extremos. Quando uma aia é designada para um comandante, ela passa a ser tratada como uma extensão do corpo da esposa, um útero ambulante e nada mais. Mensalmente, quando ela se encontra em seu período fértil, é realizada a Cerimônia. A esposa, o comandante, a aia e os empregados da casa se reúnem na sala, onde o comandante lê a seguinte passagem da Bíblia:

 

1 Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó: Dá-me filhos, se não morro.
2 Então se acendeu a ira de Jacó contra Raquel, e disse: Estou eu no lugar de Deus, que te impediu o fruto de teu ventre?
3 E ela disse: Eis aqui minha serva Bila; coabita com ela, para que dê à luz sobre meus joelhos, e eu assim receba filhos por ela.
4 Assim lhe deu a Bila, sua serva, por mulher; e Jacó a possuiu.
5 E concebeu Bila, e deu a Jacó um filho.

GÊNESIS 30

 

Acredite: por mais que essa seja a única parte utilizada na série, o restante é ainda pior. Contudo, não se deixe confundir pelo nome pomposo e o protocolo elaborado. A Cerimônia nada mais é do que um estupro. No quarto, estarão presentes o comandante, a aia e a esposa. A aia, deitada entre as pernas da esposa, volta ao seu papel de útero ambulante. Nessa cena, magistralmente bem dirigida, o fundo musical conta com uma voz de fundo, o comandante lendo a passagem bíblica, como uma brecha na lei da moralidade que lhe garantirá perdão divino. A diretora Reed Morano (Billions) conquistou um Emmy por Melhor direção em série dramática por esse episódio. 

Nada em The Handmaid’s Tale é aleatório. Até mesmo os figurinos são reflexos de uma sociedade baseada na religião. As esposas usam vestidos iguais, todos com o mesmo corte e a mesma cor, entre um tom de verde e de azul, que fazem referência direta à Virgem Maria. Enquanto, por sua vez, as aias vestem uma longa túnica vermelha, o que está diretamente ligado à Maria Madalena como também ao próprio sangue, à pura fertilidade. No entanto, as vestimentas das aias não param em seu vestido, todo o ornamento que compõe o seu visual é importante. Elas usam também uma espécie de chapéu com longas abas ao redor do rosto; tal item é desenhado para que o rosto delas não seja visível – uma vez que todas devam andar de cabeça baixa – e, de maneira ainda mais brutal, impeça-as de ver e apreciar o mundo ao seu redor.

Toda a ideia do figurino feminino tem um propósito moldado e extremamente bem explicado. Ele é um reflexo da sociedade misógina em que vivemos, pois o corpo da mulher – independentemente – é um objeto que, dependendo da roupa, pode ser apreciado e violado. Contudo, a partir dos valores tradicionais da Bíblia, o sexo só é permitido para procriação, logo, a partir da ideia desse governo teocrático, a medida da roupa é a medida do bom senso, como também é a medida para que impeça o pecado.

Os comandantes não podem ter relações sexuais com suas esposas, os soldados não possuem dinheiro para se casar, muito menos sustentar uma casa. E as aias? Bem, é óbvio que elas não podem transar de jeito e maneira! Contudo, como impedir que esses soldados espalhados por todas as ruas, armados com artilharia pesada no intuito de manter a ordem, mantenham o pecado longe? O pecado são as aias, são as mulheres, logo, a túnica serve para esconder as formas do corpo da mulher, o chapéu esconde o rosto e, dessa maneira, nada fará com que o soldado caia em tentação.

Falando de tentação, coisa que somente o diabo pode fornecer a partir da religião pregada dentro da série, a comunidade LGBTQ+ também ganha o seu destaque e, como em toda a comunidade religiosa baseada em valores retrógrados e preconceituosos, como a homossexualidade não seria crime? A autora Margaret Atwood não deixou esse aspecto de lado. Dentro da narrativa, os homossexuais são conhecidos como “traidores do gênero” e são julgados – não por uma lei laica, mas sim pela própria Bíblia. Condenados por capítulos e versículos, não por parágrafos e incisos, o destino para cada um que seja “traidor do gênero” é a morte. Muitos são enforcados em um muro da praça, onde ficam por dias a fio, como um lembrete vil à sociedade.

No seriado, temos Ofglen, interpretada pela atriz Alexis Bledel (Gilmore Girls), uma professora universitária que “cometeu o crime” de ser homossexual. Contudo, ela é fértil, por conta disso, concedem a ela o privilégio – isso mesmo, ser estuprada e manchada a cada mês é um privilégio – de ser uma aia. Alexis conquistou um Emmy como Melhor atriz convidada em série dramática, tornando-se a atriz mais jovem a ganhar um Emmy, por sua atuação no episódio “Late“.

A excepcionalidade da atriz fica evidente nesse episódio por um simples fato: ela não tinha uma fala sequer durante todo o episódio, pois, sua personagem, usou uma mordaça o tempo todo – o que a impossibilitava de argumentar a seu favor, muito embora, mesmo que fizesse, não faria qualquer diferença, visto que não só a silenciaram como pessoa fisicamente, mas mentalmente: por ser gay e por ser mulher. Ela representa a opressão que a comunidade LGBTQ+ sofre e como são silenciados o tempo todo perante a sociedade. A atuação de Alexis foi reconhecida no Emmy não só pela questão da opressão, mas principalmente porque o episódio é totalmente composto por olhares, linguagem corporal, lágrimas e completo desespero. Mesmo sem uma palavra sequer, o apelo por ajuda é nítido e tão algo quanto seus gritos poderiam ter sido, mais um lembrete assustador de como somos capazes de negligenciar um grupo de pessoas por não se encaixarem na noção estereotipada de normalidade, esquecendo que, antes de tudo, são pessoas como qualquer outras.

Como as mulheres — que também são vítimas de uma sociedade separatista e misógina, embora sejam culpabilizadas e marginalizadas a todo o momento por nascerem, simplesmente, mulheres. Representando uma dessas mulheres brilhantemente, o Emmy de Melhor atriz em série dramática ficou com Elisabeth Moss (Punhos de Sangue), a protagonista Offred. A atuação merece todo o reconhecimento que recebeu no dia de ontem, pois a complexidade da personagem e o desafio de expressar os múltiplos sentimentos que a série transmite, ou melhor, necessita transmitir para o telespectador, é a partir da atuação contida e submissa de uma personagem que quer se rebelar, mas teme pela segurança de alguém que lhe é muito importante. A partir dos olhares, da linguagem corporal e das sutilezas em The Handmaid’s Tale que a atriz faz o seu nome e o próprio nome da série – junto com uma equipe bem capacitada e célebre.

A série, ao mesmo tempo, é capaz de ser cativante e assustadora. Como algo consegue ser cativante e, ao mesmo tempo, assustador? Esse aspecto denota o nível de qualidade que você será capaz de encontrar nessa série que, além de todos os prêmios que recebeu, também ganhou o Emmy de Melhor roteiro em série dramática, para o criador Bruce Miller, e, além disso, o mais prestigiado e esperado prêmio da noite, o Emmy por Melhor série dramática. The Handmaid’s Tale é uma série aclamada pela crítica e venerada por seus fãs, além de ser uma das adaptações que mais segue fielmente o livro – embora vá muito além quando paramos para pensar no desenvolvimento de seus personagens, isso porquê conta com a participação da própria autora Margaret Atwood que, desde 1985, acrescentou muitas ideias. A história apresenta um mundo complexo que é apresentado aos poucos e que, é garantido: será extremamente difícil de se digerir.

E por falar em Margaret Atwood, aqui vai uma curiosidade maravilhosa: além de participar na produção do seriado, a autora também atua em uma cena no primeiro episódio – o que a levou ser prestigiada junto com o elenco e a equipe quando foi receber o Emmy.

O seriado é extremamente fiel e o último episódio acaba exatamente onde o livro termina. No entanto, não se preocupe, a segunda temporada – embora esteja sem uma data exata – está confirmada e virá com muitas ideias da própria autora!

The Handmaid’s Tale, pode ter certeza, é o tipo de série que faz história, que se transforma instantaneamente em um marco. É o tipo de narrativa que todos deveriam conhecer, pois ela levanta discussões importantes e extremamente atuais; discussões essas que não somente deveriam ser discutidas, mas, inclusive, desconstruídas. A própria autora relatou que nunca teve o intuito de escrever uma história feminista, mesmo que muitos a considerem como tal. Contudo, a verdade é que The Handmaid’s Tale não nos incita a seguir o feminismo e a igualdade de gêneros, o livro e a série apenas mostram o assustador resultado de seguir na direção contrária. Ao terminar essa série, que possui apenas 10 episódios, a misoginia dá espaço para o empoderamento, para a união feminina e para a vontade de lutar por uma sociedade mais justa e igualitária, onde ninguém é submisso ou oprimido: onde o propósito de vida das mulheres vá muito além do que apenas procriar.

 

REFERÊNCIAS

ATWOOD, M. E., The Handmaid’s Tale. New York: Anchor Books, 1998.
______. O Conto de Aia; tradução de Ana Deiró. Rio de Janeiro: Rocco, 2017.
MILLER, B. The Handmaid’s Tale. EUA: Hulu, 2017.