BIOGRAFIA #09: OSCAR WILDE

 

O RETRATO DE WILDE

 

Hoje é o dia dele, Oscar Wilde, um dos maiores escritores irlandeses do século XIX, ainda que durante a maior parte de sua vida, tenha vivido e escrito na Inglaterra. Você deve conhecê-lo pela sua obra mais famosa, O Retrato de Dorian Gray, que agrega aspetos filosóficos que Wilde acreditava e outros que criticava.

Ele era um dândi, ou seja, um cavalheiro que preferia viver a vida de maneira leviana e superficial, além de tudo, pessoas como ele, impreterivelmente, prezavam o esteticismo, a “arte pela arte”, o intelecto e o belo como as coisas mais importantes na formação de um homem.

Na Era Vitoriana, o dandismo, centrado na aparência, era tendência nas artes em geral. O Impressionismo reinava nas telas, com o mesmo conceito da exibição da beleza como ponto focal da obra de arte. A arte e o belo eram pontos focais dos contos, dos romances, das peças teatrais e ensaios. Outro renomado escritor da Literatura Inglesa, antecessor de Wilde, foi Lorde Byron que tinha a mesma filosofia de vida e escrita.

O Retrato de Dorian Gray, o romance que levou Wilde ao apogeu da literatura, traz reflexões modernas, mesmo depois de um século de publicação. Reunindo aspectos estéticos da Era Vitoriana, mescla o grotesco e o terror dentro do Romance Inglês dos séculos XIX e XX, sem deixar de exaltar a beleza e o hedonismo do ser humano, ao mesmo tempo em que critica a fragilidade da moral do homem.

Como a própria vida cotidiana de Wilde, o protagonista de seu único romance, Dorian Gray, é um jovem narcisista que deseja que o seu retrato, pintado por Basil, envelheça em seu lugar. Essa é uma história sobre a decadência, decadência essa que acompanhou o próprio autor. Dorian vive sua vida ao extremo, como um belo e exuberante devasso. Sua beleza e jovialidade permanecem inalteradas ao longo de toda a sua vida, no entanto, ao contrário dele, o seu retrato reflete a putrefação de sua moral e de sua alma.

O personagem – um pouco parecido demais com o seu autor – acaba sendo uma mistura de Don Juan e Narciso, a complexidade dos personagens se assemelha aos complexos que coexistem nos homens contemporâneos, obviamente, as características do dandismo presentes e seguidos por Wilde não ficaram de fora.

Wilde vivia essa filosofia urgente de aquisição de sabedoria, poder e perfeição, e, como já mencionado, igual ao seu personagem mais famoso, Dorian Gray, o fim da sua vida foi trágico.

Muitos dos conceitos presentes na obra, parte característicos da Era Vitoriana, parte controversos a ela, são conceitos modernos, como, por exemplo, a ostentação cantada em inúmeros ritmos musicais, a exploração da sexualidade, a urgência em viver tudo de uma vez sem cogitar as consequências, o carpe diem, a libertinagem e a amoralidade.

Na época do lançamento do livro, em 1891, surgiu uma polêmica a respeito de seu caso com Lord Alfred ‘Bosie’ Douglas, um nobre que era o terceiro filho do Marquês de Queensberry. Quatro anos depois, em 1895, Oscar Wilde foi preso, acusado de atentado ao pudor e homossexualidade. Durante os dois anos de punição, ele escreveu De Profundis, uma epístola para o seu ex-amante, Bosie, que afirmou nunca tê-la recebido. Esse livro só foi publicado integralmente pelo seu filho, Vyvyan Holland, em 1949.

Vyvyan Holland e Cyril Holland foram frutos do casamento de Wilde com Constance Lloyd, em 1884. Ela era filha de um rico advogado de Dublin, de ótima formação e falante de diversas línguas europeias. Quando a polêmica sobre o caso homossexual de Wilde com Bosie veio à tona, em 1895, Constance trocou o seu sobrenome e o dos filhos para Holland, mudando-se com eles para a Suíça, onde faleceu três anos depois.

William Wilde, pai de Oscar Wilde, foi um importante médico oftalmologista. Estudou em Londres e fundou o St. Mark’s Hospital em Dublin. Antes de se casar com Jane Francesca Elgee, William teve três filhos. Custeou tudo aos três, que foram criados pelo seu irmão, porém as duas caçulas, Mary e Emily, morreram em um incêndio.

Jane Francesca Elgee, mãe de Oscar, era poetisa em um jornal semanal irlandês, The Nation. Também tinha conhecimento em línguas antigas e traduziu Sidonia the Sorceress de Wilhelm Meinhold.

Do casamento com Jane, William teve três filhos: William Charles Kingbury, Oscar Fingal O’Flahertie e Isola Emily Francesca, que morreu prematuramente aos dez anos.

Oscar e o irmão estudaram nas melhores escolas de Dublin, ganhando honras e bolsas de estudos, uma delas, em Magdalen College, em Oxford. Essa oportunidade fez da Inglaterra o seu lar por praticamente toda a sua vida. Foi onde Wilde conheceu artistas da alta sociedade e desenvolveu suas obras. Depois de sua saída da prisão, onde esteve por dois anos pela polêmica sobre sua homossexualidade, sem família, Wilde mudou-se para a França e adotou o pseudônimo de Sebastian Melmoth. Viveu os últimos anos de vida em hotéis baratos de Paris, onde morreu em 1900, falido e alcoólatra.