ANÁLISE #12: O TOM MONOCROMÁTICO

 
 
ANÁLISE: Trilogia Cinquenta Tons de Cinza
AUTORA: E. L. James
 

SINOPSE: Quando Anastasia Steele entrevista o jovem empresário Christian Grey, descobre nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingênua e inocente, Ana se surpreende ao perceber que, a despeito da enigmática reserva de Grey, está desesperadamente atraída por ele. Incapaz de resistir à beleza discreta, à timidez e ao espírito independente de Ana, Grey admite que também a deseja – mas em seu próprios termos…

 

Monocromático é uma palavra capaz de definir muito bem a trilogia de Cinquenta Tons de Cinza, escrita pela a autora E. L. James. Essa definição se deve a múltiplos fatores dentro da obra que nos apresentam somente uma cor, todo o tempo, enquanto desejamos que fosse mais.

Encontramos personagens que tinham potencial para ir além, que, para algumas pessoas, trazem a sensação crua de potencial desperdiçado. Até poderíamos pensar dessa forma, levando em conta o principal personagem masculino da trama: Christian Grey. Contudo, observando a construção narrativa da autora ao longo dos capítulos, percebemos que sua intenção parece ser unicamente entreter o leitor com sexo.

Essa é uma análise feita por duas pessoas, por isso, vamos contar a experiência pessoal de cada uma delas. Uma das experiências foi com a curiosidade a partir do filme e duas tentativas frustradas de conseguir ler o livro, até o momento em que ela resolveu desafiar-se de verdade a lê-lo, pois não gosta de ver livros parados na estante e julgados sem leitura. A outra, um pouco diferente, sempre lê, mesmo aquilo que acha ruim, porque acredita que as coisas sem muito capricho, qualidade ou esmero podem te ensinar algo.

Definitivamente, Cinquenta Tons de Cinza entra nessa lista.

A primeira não se arrepende porque, pelo menos, toda leitura é aprendizado; a outra acha válido porque pode criticar com base. Nesse ínterim, cada uma com suas expectativas ou anseios, recebeu do livro ensinamentos valiosos sobre o que não se deve fazer quando você escreve uma história.

Mas por que uma narrativa, que nós dizemos tão ruim, conseguiu tanto destaque no mercado? A explicação para isso é até bem simples. Primeiro, precisamos levar em conta o sucesso exacerbado da história. Vivemos em uma era que prioriza o marketing, acima de tudo – e quantos outdoors não vimos do livro? Quantas vezes não olhamos para o ônibus ao lado ou à frente do nosso e ele tinha uma propaganda? Quantas vezes não fomos à livraria e o livro estava bem na frente? Um erro grave, no nosso ponto de vista, porque se trata de um livro erótico, que, por lógica, deveria ser proibido para menores de dezoito anos.

Contudo, a venda era tão necessária por parte dos editores e associados que investiram dinheiro no sucesso desde o início que o livro acabou sendo vendido mais pelo marketing pesado do que por sua qualidade. Ou seja, o que fez o livro aparecer, entre tantos outros do gênero, conecta-se perfeitamente com a primeira profissão da autora: executiva de televisão.

Logo, o que faz Cinquenta Tons de Cinza sobressair tanto em comparação a outras narrativas do gênero diz respeito a um aspecto muito mais profundo do que nós imaginamos, pois não está na questão da narrativa, da construção de personagens ou de enredo, mas em algo externo – e inalcançável para muitos escritores sem contatos.

Segundo, por incrível que pareça, é porque a narrativa trabalha uma história de romance pornô, além de se lambuzar no clichê. A trama começou como uma fanfiction, ou seja, uma história escrita por e para fãs, de Twilight (em português, Crepúsculo). A história de Meyer pode não agradar a maioria das pessoas, porém, como é possível ver em nossa análise, a autora se apropriou de um movimento contemporâneo para fazer uma mudança drástica de padrões em criaturas sobrenaturais, o que podemos observar nos vampiros que criou. Usando essa ferramenta, ela conseguiu trazer para a sua trama algo inédito e perigoso que, por se encaixar nos padrões atuais de valorização do sobrenatural como algo positivo, fez bastante sucesso. 

Além de usar sua carreira, a escritora de Cinquenta Tons também utilizou um pouco do sucesso de Meyer para jogar a sua história no mercado a partir dos fãs da saga de Crepúsculo. Fez muito bem, inclusive, e deu muito certo, principalmente porque ela sabia o que os fãs gostariam de ler: o romance, o sexo e o clichê.

Nós duas gostamos de histórias que já foram contadas e recontadas diversas vezes e de diversos modos, ainda mais em comédias românticas, e devemos concordar que o clichê só o é porque faz sucesso. Se não fosse bom, por que continuaríamos a usar as mesmas ferramentas? Por conta disso, temos três acessórios fundamentais para a maioria dos leitores. Nem todos nós precisamos de complexidade ou ficar perdidos em poesia dentro de prosa, como também nem todos gostamos de decifrar enigmas ou desvendar mistérios, algumas vezes queremos apenas ler um romance.

Existe um estereótipo muito grande quando falamos sobre esses romances, pois as pessoas definem leitores que gostam do gênero como mulheres mal-amadas ou que não possuem uma relação romântica e sexual ativa. Contudo, isso é o preconceito desmedido, visto que existem mulheres bem casadas que gostam de romances eróticos; mulheres felizes, seja ao lado de um homem ou não, que desejam essa leitura.

Ler romances eróticos e clichês não nos define, não nos diminui e nem sequer deveria fazê-lo. Qual o problema disso? Mas ler Cinquenta Tons embora não nos defina, só faz com que devamos pensar no que vemos como um ideal.

Diversas histórias usam a mesma argumentação: o homem perfeito. Se homens possuem fetiches, por que mulheres não? O problema está no fato de como externalizamos isso.

Seria Christian Grey nosso fetiche?

Pode ser que seja o seu, e nenhuma de nós pode julgar isso. No entanto, você já avaliou esse personagem? Você já prestou atenção em como existe um problema muito grande, tanto nele quanto na história em que ele se encontra?

Vamos falar disso no nosso terceiro ponto?

Uma de nós assistiu o filme; a outra não. Então, a que assistiu pode afirmar para vocês que o que é apresentado nas duas mídias são mundos completamente distintos, mesmo utilizando um enredo e personagens comuns. Não é possível fugir do pensamento de que a adaptação (ou inspiração?) cinematográfica seja um universo a parte, muito mais doce e romântico – por conta do rosto angelical de Jamie Dornan, da trilha sonora bastante leve, da fotografia deslumbrante, em comparação com o teor real da narrativa. Além, é claro, das diversas partes da história, especialmente diálogos bastante chocantes, que não foram reproduzidas nas telas.

Por isso, ao comentarmos sobre a trama, estaremos falando mais sobre o universo apresentados nos livros, porque Cinquenta Tons possui uma trama tão vazia de conteúdo – isso, claro, fora os tradicionais momentos sexuais que ocorrem, praticamente, a cada duas páginas do livro – que parece uma trama porn without plot (em português, pornô sem enredo).

A ênfase na narrativa não parece ser, em nenhum momento, a relação entre os personagens, os problemas do passado de Christian e como o casal evolui separadamente – evolução essa inexistente – e junto, ponto que também não diríamos ser bem trabalho. O destaque real parece estar nas cenas sexuais, as quais, particularmente, não são tão boas assim para quem está acostumado com narrativas que induzam a sentir a cada instante aquela experiência.

Entretanto, afirmar esse destaque soa extremamente contraditório, uma vez que o livro propõe, de fato, uma narrativa além do sexo – a autora quis que tivesse uma história. Existem mistérios, passados sombrios e uma possibilidade de profundidade psicológica, tanto da parte de Christian Grey, por conta dos traumas de sua infância, quanto de Anastasia, a menina perdida em sua inocência que precisa desvendar todo aquele universo que se abre.

O interessante é que sempre nos focamos em quanto o Grey poderia ser profundo, mas nunca nos lembramos de que a Anastasia também poderia ser, pois ela somos nós, leitoras, ávidas por um amor arrebatador com personagens dignos de serem príncipes da Disney. Nós somos complexas, por que as personagens que supostamente nos representam não deveriam ser?

Entre propor e realizar existe um abismo enorme, no qual Anastasia e Christian foram jogados e nós, junto. Nas duas experiências de leitura, poderíamos imaginar mil formas de narrar com maestria, poderíamos até ver um aprofundamento tão intenso e interessante de todas as partes. Uma de nós acabou saindo frustrada pela sensação de um eterno “poderia ser tanto a mais”; a outra, com aprendizado pelas constantes falhas observadas.

Por isso, nós achamos importantíssimo falar de Ana antes mesmo de começarmos a relembrar a nocividade do seu par romântico, pois, se a nossa representação é manchada de cinza, que dirá o resto?

Existem, na personalidade dela, dois problemas chamados Inconsciente e “Deusa Interior”. A divisão mental dela é um tanto incômoda e absurda. Nós somos capazes por nós mesmas de sentirmos desejo e de nos censurarmos. Qual é o problema disso? Por que precisamos criar entidades para pensar o que queremos? Não funcionamos assim.

Nosso inconsciente não é como uma casa que você adentra, é muito mais profundo do que isso, com muito mais nuances do que o apresentado; assim como o nosso desejo também é mais multifacetado do que faz supor a sua representação no livro, denominada “Deusa Interior”. Nossos desejos e nossos sonhos não são tão diminutos e tão exagerados ao ponto de pensarmos que sexo salvará nossas vidas ou que somos uma coisa ou outra!

Não temos pensamentos racionais e sexuais a todo momento como as duas únicas fontes de existir. Enquanto o Inconsciente parece ser um anjo no ombro da protagonista, prezando pela integridade e racionalidade; a Deusa Interior assemelha-se o diabo, atendo-se a impulsos, pensamentos impróprios e, até mesmo, nocivos. Será que somos só luz e trevas, ou somos mais profundas do que isso?

Outro personagem que poderia ser muito bem explorado e trabalhado para dar alguma riqueza à trama – e o mais visível nesse aspecto para a maioria do público que critica negativamente a obra – é Christian Grey.

O que nós sonhamos como homem ideal? Um homem bonito, rico e inteligente? Ele é. Mas será que isso basta? Será que nos basta ter um homem externamente perfeito e com camadas de dinheiro, porém quebrado por dentro e que nos leva com ele para os seus tormentos?

Algumas vão dizer que se sacrificar pelo outro é amor; outras, como nós duas, já acham que existem formas de amar bem melhores. Claro, é um sentimento bem singular, cada um sente e recebe de maneira muito distinta dos outros indivíduos. Contudo, o que devemos deixar claro é que, antes de amar o próximo, precisamos amar quem somos.

Em Cinquenta Tons, vemos muito desse amor retratado com sexo, mas e quanto à camada que remete aos sentimentos? Será que nos satisfaz um homem só porque ele é “competente” na cama? Ou será que é possível nos satisfazermos mais? Mulheres são complexas, por que nos traria completa felicidade atender a um só ponto de nossas vidas?

Da insegurança extrema de Ana à possessão de Christan, temos um abismo profundo em que a última coisa a ser vista – se lá existe – é o amor. A própria Anastasia se questiona o que chamou a atenção dela para ser cativada e entrar na teia: dinheiro, beleza ou poder?

De que maneira somos capazes de amar alguém que nem sequer conhecemos, quase que literalmente? Podemos nos apaixonar depois de horas de conversa, risos e brincadeiras, mas na situação que se encontravam? Poderia ser atração à primeira vista? Sim. Mas amor? Definitivamente não.

Voltando ao personagem, encontramos alguém que externaliza a sua segurança a partir de um extremo ciúme, que gera possessão e, por fim, não menos importante, abuso. Nós precisamos de espaço pessoal. Por isso, não é romântico o seu namorado comprar o prédio que você trabalha, não é romântico colocar um rastreador no seu telefone e menos ainda fazer você se sentir errada por achar tudo isso esquisito.

Somos seres humanos, precisamos de nosso espaço tanto quanto do convívio social. Entretanto, esse convívio deve ser limitado a partir do momento em que o outro precisa ser mais do que sua cara metade, ele precisar ser alguém independente.

Há dois pontos, dentro do personagem e da obra que devem ser comentados: O BDSM e o contrato. É impossível falar de Cinquenta Tons sem falar em como é absurdo a forma que a prática é apresentada e a forma como a mulher se torna uma posse.

O modo como E. L. James traz o BDSM para a trama – apesar de ter aberto a porta para esse mundo do qual, até então, pouco se falava –, parece surgir apenas como um pretexto para que Christian abuse de mulheres com permissão. O que nos leva ao segundo aspecto.

O contrato incomoda não só nós, mas qualquer mulher, de forma física. Ele é uma figura tão recorrente na trama do primeiro livro que é quase como um terceiro membro daquele casal que se formava diante de nossos olhos. Entretanto, o que inquieta, além da sua constante presença, é o fato de que parece ser, contradizendo o que propõe, algo não consensual.

Na verdade, ele se aproxima muito mais de um contrato de compra, através do qual o Sr. Grey (porque a submissa sequer podia usar seu nome sem permissão) adquire total controle sobre o corpo de Anastasia. Suas roupas, sua alimentação, seu sono, sua liberdade – tudo passaria a ser dele após a assinatura. Sob esses termos, não surpreende nem um pouco que ela evite, a todo momento e ao longo de todo o livro, assinar.

O problema maior na negociação do contrato que definiria como a relação deles ia funcionar é que, na verdade, nunca há uma negociação. Há o Christian, que é dominador e manipulador em todos os sentidos da palavra, dando a Ana a falsa sensação de que ela está no controle, mas sempre em algo que não importa realmente; e há a Ana, cedendo. Sempre abrindo mão do que quer de verdade por três motivos: primeiro, pela crença autodestrutiva dentro de nossa sociedade de que devemos mudar o homem; segundo, pela facilidade com que Grey lhe dá orgasmos, que parece ser de fato o centro de toda a narrativa; terceiro, pela certeza de que, se ele não a quiser, ela acabará sozinha; demonstrando, assim, ter uma insegurança que é ressaltada a todo instante por tudo à sua volta:

 

“Fico me olhando no espelho. Você não pode estar pensando seriamente nisso. Meu inconsciente está ajuizado e racional, e não atrevido como sempre. Minha deusa interior está dando pulinhos, batendo palmas como uma criança de cinco anos. Por favor, vamos fazer isso… do contrário, acabaremos sozinhas, na companhia de um monte de gatos e romances clássicos.

 

Ao contrário do que possa parecer, o problema do livro não está de forma alguma no quarto vermelho, ainda que a prática do BDSM realizada lá não seja transmitida de maneira adequada. Aliás, arrisco dizer que ele é o menor dos empecilhos, pois é o único lugar em que a relação é realmente consensual. Onde Anastasia assume voluntariamente a posição de uma submissa. Fora desse espaço, sua submissão parece a pior espécie de tortura para ela e, consequentemente, para quem lê. E. L. James tenta relativizar isso ao deixar claro que Ana sente prazer com os castigos de Grey, o que a classificaria como dominável em algum nível; mas sua tentativa não convence porque o prazer é unicamente físico. Inclusive, é por isso que Ana se afasta dele, embora volte.

Ter o desejo de estar com alguém não significa que devemos nos submeter a ele. Em todos os outros aspectos, ela se sente degradada e incompleta, isso é notável; e uma relação BDSM funciona quando ambas as partes estão confortáveis em seus papéis.

A questão principal do contrato, na verdade, resume-se ao fato de que deveria ser entre um dominador e uma submissa, mas é entre um dominador com tendências sádicas e… Anastasia. Desde o início, não há uma submissa na relação. Ana é uma mulher que, até Grey, não havia tido experiências sexuais. Seu único parâmetro é ele. Grey, por sua vez, já teve experiências sexuais; entretanto, todas foram BDSM, de forma que Ana é sua primeira relação próxima, o mínimo que seja, do convencional. Em algum nível, ambos são o parâmetro um do outro. A ideia soa romântica, dita assim, e seria de fato um belo romance, se Ana tivesse alguma autoestima e Christian enxergasse algo além das próprias verdades. E, claro, se ambos fossem capazes de mudar.

A autora parece querer dar esse movimento à história, mostrando como Christian abre mão de muitas coisas por Ana, como está sempre a olhando e cuidando dela. Entretanto, talvez pela necessidade de que haver um segundo e terceiro livros, Grey, mais de uma vez no decorrer da trilogia, cede apenas quando as situações já se encontram à beira de um colapso.

Uma relação deve se pautar em confiança, não em um constante medo de perder a outra pessoa, tão extremo a ponto de silenciar a coragem de apontar o que acha que está errado. No final das contas, o que é possível enxergar nessa trama é um relacionamento abusivo; que, no entanto, é suportado porque Grey é bonito e cheio de mistérios e problemas, o verdadeiro estereótipo do menino malvado do colégio que puxa o seu cabelo porque é apaixonado por você. Claro, ele também é rico.

A tese do abusivo é sustentada, inclusive, pela constante necessidade que todos têm de dizer como Christian é um homem bom e como eles parecem felizes um ao lado do outro; além da vergonhosa frequência com que Ana precisa lembrar isso a si mesma, como justificativa para não ir embora.

No final, parece apenas que eles têm uma excelente química sexual e, mesmo após o casamento, isso é tudo. O amor nasce por motivos desconhecidos, não é à toa que poucas pessoas conseguem responder quando lhe perguntam por que amam alguém. Ana, no entanto, parece não ter motivo algum para isso. A justificativa pobre que ela consegue dar é que, do jeito que eles reagem um ao outro, não pode ser só sexo; e isso continua a se manter até o fim, de forma que até mesmo o final volta-se, mais uma vez, para isso. Só que pode, sim. Não há um nascimento do romance, não há um desenvolvimento dos personagens. Eles fazem sexo e isso, pelo que é apresentado no geral, parece ser a única – e mais importante, coisa a dar certo. 

O fato de o livro ser narrado pela perspectiva de Ana inclusive nos atrapalha muito a criar uma ideia palpável sobre as reações de Christian, porque qualquer ato de carinho e conforto que pareça minimamente humano vindo da parte dele torna-se a manifestação de amor do século através do olhar dela. Então manifestações que são, na verdade, abusivas e alarmantes, soam maravilhosas através das palavras de Ana. E a maioria dos leitores passa a ser enganada pela perspectiva apresentada pela personagem sem tentar ver o que existe a fundo nisso tudo. E. L. James poderia corrigir isso agora, enquanto lança a história pela perspectiva de Christian, porém, ao que tudo indica, ela tem se mantido na mesmice.

Por tudo que foi lido e apreendido dessa trilogia, podemos vislumbrar a decadência do romance, porque não existe o verdadeiro romantismo e nem mesmo a construção narrativa nos envolve. Além disso, vemos um personagem que mais parece um maníaco por controle e sexo, enquanto a protagonista é alguém insegura que acata as ordens de seu dominador. Os cinquenta tons, dos quais Ana tanto ama falar e que, em tese, justificam a figura de Grey, parecem ser reduzidos a uma só cor, um monocroma. Será que devemos nos satisfazer com uma só cor quando no mundo há tantas outras?

 

REFERÊNCIAS

JAMES, E. L. Cinquenta tons de cinza. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2011.
JAMES, E. L. Cinquenta tons mais escuros. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2011.

JAMES, E. L. Cinquenta tons de liberdade. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012